Introduction: Atrial fibrillation is the most prevalent persistent dysrhythmia, contributing to a significant social and economic burden. The main objective of this study was to evaluate the association between oral anticoagulant use and the incidence of stroke associated with atrial fibrillation, in mainland Portugal.
Methods: The number of episodes of inpatient care with a main diagnosis of stroke and an additional diagnosis of atrial fibrillation, occurring monthly between January 2012 and December 2018, in individuals aged 18 years or over, was extracted from the hospital morbidity database. The number of patients with an atrial fibrillation code documented in this database was used as a proxy for the prevalence of known atrial fibrillation. The number of anticoagulated patients was estimated from total medicine sales of vitamin K antagonists and novel oral anticoagulants (apixaban, dabigatran, edoxaban and rivaroxaban) in mainland Portugal. Descriptive analyses were performed, and seasonal autoregressive integrated moving average (SARIMA) models were built using the R software.
Results: The mean number of episodes of stroke per month was 522 (± 57). The number of anticoagulated patients increased gradually from 68 943 to 180 389 per month. The decreasing trend in the number of episodes has been observed since 2016, along with the increased use of new oral anticoagulants compared to vitamin K antagonists. The final model indicated that the increase in oral anticoagulation use between 2012 and 2018, in mainland Portugal, was associated with a decrease in the number of episodes of stroke associated with atrial fibrillation. It was estimated that the shift in the type of anticoagulation used, between 2016 and 2018, was associated with a reduction of 833 episodes of stroke in patients with atrial fibrillation (4.2%).
Conclusion: The use of oral anticoagulation was associated with a reduced incidence of stroke in patients with atrial fibrillation in mainland Portugal. This reduction was more relevant in the period between 2016 and 2018, and is probably related with the introduction of the novel oral anticoagulants.
Introdução: A fibrilhação auricular é a disritmia persistente mais prevalente, tendo um importante impacto social e económico. O objetivo principal deste estudo foi avaliar a associação entre a utilização de anticoagulantes orais e a incidência de acidente vascular cerebral associado a fibrilhação auricular, em Portugal continental. Métodos: A base de dados de morbilidade hospitalar foi utilizada para a contabilização dos episódios de internamento com um diagnóstico principal de acidente vascular cerebral e um diagnóstico adicional de fibrilhação auricular, ocorridos durante cada mês do período em análise (janeiro de 2012 a dezembro de 2018), em indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos. O número de doentes com registo de fibrilhação auricular presentes nesta base de dados foi utilizado como um proxy da prevalência de fibrilhação auricular conhecida. O número de doentes anticoagulados foi estimado a partir das estatísticas das vendas de antagonistas da vitamina K e novos anticoagulantes orais (apixabano, dabigatrano, edoxabano e rivaroxabano) em Portugal continental. Foi realizada uma análise descritiva das variáveis, construindo-se depois modelos auto-regressivos integrados de médias móveis sazonais (seasonal autoregressive integrated moving average, SARIMA), com recurso ao software R. Resultados: Ocorreram, em média, 522 (± 57) episódios de acidente vascular cerebral por mês. Verificou-se um aumento gradual do número de doentes anticoagulados, passando de 68 943 para 180 389, por mês. A tendência decrescente no número de episódios verificou-se a partir de 2016, a par da maior utilização dos novos anticoagulantes orais, comparativamente aos antagonistas da vitamina K. O modelo final estimado indicou que o aumento do consumo de anticoagulação oral entre 2012 e 2018 em Portugal continental foi associado a um decréscimo do número de acidentes vasculares cerebrais associados a fibrilhação auricular. Estimou-se que, entre 2016 e 2018, a mudança no tipo de anticoagulação se associou a uma redução de 833 episódios de acidentes vascular cerebrais em doentes com fibrilhação auricular (4,2%). Conclusão: A anticoagulação oral associou-se à redução da incidência de acidente vascular cerebral em doentes com fibrilhação auricular, em Portugal continental. Esta redução foi mais relevante no período 2016 a 2018, em provável relação com a introdução dos novos anticoagulantes orais.
Keywords: Anticoagulants/therapeutic use; Atrial Fibrillation/complications; Portugal; Stroke/prevention & control.