Background: The Quilombola communities of Ipiranga and Gurugi, located in Atlantic Rainforest in Southern of Paraíba state, have stories that are interwoven throughout time. The practice of meliponicultura has been carried out for generations in these social groups and provides an elaborate ecological knowledge based on native stingless bees, the melliferous flora and the management techniques used. The traditional knowledge that Quilombola have of stingless bees is of utmost importance for the establishment of conservation strategies for many species.
Methods: To deepen study concerning the ecological knowledge of the beekeepers, the method of participant observation together with structured and semi-structured interviews was used, as well as the collection of entomological and botanical categories of bees and plants mentioned. With the aim of recording the knowledge related to meliponiculture previously exercised by the residents, the method of the oral story was employed.
Results and discussion: Results show that the informants sampled possess knowledge of twelve categories of stingless bees (Apidae: Meliponini), classified according to morphological, behavioral and ecological characteristics. Their management techniques are represented by the making of traditional cortiço and the melliferous flora is composed of many species predominant in the Atlantic Rainforest. From recording the memories and recollections of the individuals, it was observed that an intricate system of beliefs has permeated the keeping of uruçu bees (Melipona scutellaris) for generations.
Conclusion: According to management techniques used by beekeepers, the keeping of stingless bees in the communities is considered a traditional activity that is embedded within a network of ecological knowledge and beliefs accumulated by generations over time, and is undergoing a process of transformation that provides new meanings to such knowledge, as can be observed in the practices of young people.
Introdução: As comunidades quilombolas de Ipiranga e Gurugi, localizadas na Zona da Mata Sul Paraibana, possuem histórias que se entrecruzam ao longo dos tempos. Encontra-se nesses grupos sociais a prática da meliponicultura realizada desde as antigas gerações, fornecendo assim um elaborado conhecimento ecológico, baseado nas abelhas nativas sem ferrão, na flora melífera e nas técnicas de manejo utilizadas. O conhecimento tradicional que os Quilombola possuem sobre as abelhas indígenas sem ferrão é de extrema importância para o estabelecimento de estratégias conservacionistas de diversas espécies.
Métodos: Para conhecer e aprofundar o estudo sobre o conhecimento ecológico dos meliponicultores foi utilizado o método da observação participante juntamente à realização de entrevistas não estruturadas e semi-estruturadas, além da coleta entomológica e botânica das categorias de abelhas e plantas citadas. Com a intenção de registrar os saberes relacionados à meliponicultura exercida antigamente pelos moradores foi empregado o método da história oral.
Resultados e discussão: Os resultados demonstram que no total os entrevistados conhecem uma riqueza de doze categorias de abelhas sem ferrão (Apidae: Meliponini) e classificam-nas de acordo com características morfológicas, comportamentais e ecológicas. Suas técnicas de manejo são representadas pela feitura tradicional do cortiço e a flora melífera é composta de variadas espécies predominantes na Mata Atlântica. A partir do registro das memórias e recordações dos indivíduos foi percebido que um intricado sistema de crenças permeia a criação de abelha uruçu (Melipona scutellaris) desde gerações passadas.
Conclusão: De acordo com as técnicas de manejo utilizadas pelos meliponicultores, a criação de meliponíneos nas comunidades é compreendida como uma atividade de caráter tradicional, que se encontra envolvida numa rede complexa de conhecimentos ecológicos e crenças construídos pelas diferentes gerações ao longo do tempo, e que vêm passando por um processo de transformações e ressignificações dos saberes como pode ser visto, principalmente, nas práticas dos mais jovens.
Palavras-chave: Comunidades Remanescentes de Quilombos, Abelhas sem ferrão, Uruçu boca-de-renda e Etnoecologia